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António Lapa-Grupo de Lisboa
ANTÓNIO LAPA - GRUPO DE FORCADOS AMADORES DE LISBOA
Os muitos anos que tenho de viver o ambiente taurino, fazem com que o conheça profundamente.
Uma das coisas mais curiosas que constatei, embora felizmente não seja a regra, foi o pretensiosismo que caracteriza os que se movimentam no mundodo toiro. A ambição também é um dos predicados mais acentuados. Nomeadamente entre aqueles que, pertencendo a uma classe média baixa, procuram na tauromaquia, forma de se promoverem, sair do cinzentismo a que a sua condição social os destinava. O que é positivo e até, louvável, desde que tenham categoria para saberem aproveitar condignamente as oportunidades que forem fabricando. O nem sempre acontece...
Com o objetivo de conquistar as boas graças de quem os possa ajudar, fazem-se simpáticos, atenciosos, se for preciso, chegam a ser servis.
Os bons relacionamentos que forem conquistando e a que nunca teriam acesso não fosse a Tauromaquia, por vezes mesmo, um bom casamento, servem-lhe para captar negócios e ganhar dinheiro. Mas...quando as raízes sociais e morais não são adequadas, há sempre tendência para o exagero.
Auto-convencem-se que o sucesso obtido se deve ao seu valor e não aos contatos e favores conseguidos. Tornam-se arrogantes, vaidosos, pretensiosos. Mas esta atitude é-lhes prejudicial.
Posta a nu a sua verdadeira natureza, acontece irem perdendo os apoios que tão laboriosamente criaram. Não são excluídos do meio em que gostavam de ser aceites mas...passam a ser ignorados. A alguns é a internet que serve de refúgio. Convencem-se de que todo o mundo os visita. Que ganham através dela, o protagonismo perdido.
António Venancio Lapa, de cujo desaparecimento tive conhecimento casual, quando um amigo comum, ficou admirado por eu não saber que nos deixara, não era assim. Com ele não havia embustes, não fingia ser o que não era. Frontal, valente, solidário e amigo, encarava o pegar toiros com a maior naturalidade, não mostrando qualquer vaidade ou pretensão por o fazer. Conheci o Lapa quando se juntou ao grupo de forcados de que fui co-fundador, o dos Amadores de Lisboa.,
Grupo sui generis, com "sede" nas avenidas novas num café -A Cubana, formado por citadinos. Com treinos na esplanada do café ou no redondel da Feira Popular, acolheu-o com simpatia.
Devido ao seu valor, tornou-se desde logo um dos esteios do GFAL. Mas não foi só o seu poder e valentia que fez ser aceite sem reservas. Foi também o facto de ter uma maneira de ser idêntica à de todos os elementos que, à altura, faziam parte do GFAL. Que, naquele tempo era, na verdade, o que dizem dever ser um GRUPO DE FORCADOS - um grupo de amigos que se juntava para pegar toiros.
Companheiros de todos os dias e, às vezes, (com frequência...) de todas as noites, havia entre nós uma camaradagem, um "todos por um, um por todos", que se notava na coesão que demonstrávamos na arena. Sem estas condições não teríamos singrado num meio onde nem sequer fomos bem recebidos. Contra tudo e contra todos porém, o GFAL impôs-se. Ganhou credibilidade, fama e respeito.
Foram autores dessa autêntica façanha: responsável máximo Nuno Salvação Barreto, autor da ideia e escolhido para cabo, seu irmão Eduardo, Luís Felipe Shore, Anibal de Albuquerque, Luís Felipe Nunes Dias, Vítor Manuel Guerreiro, Eduardo Demony Moreira Santos, Nuno Bonfim de Matos, José Timóteo Pereira, Carlos Alberto Patrício Álvares, Acácio Lyra Vidal, Francisco Garcez Palha, António Bordalo da Costa Porto.
No entanto, vencidos pela idade, foram, paulatinamente, sem lágrimas ou voltas à arena, com a mesma simplicidade com que tinham entrado, abandonando o GFAL.
Nunca procuraram tirar, ou tiraram, qualquer vantagem. O pegar toiros fora, para eles, um período vivido com intensidade e paixão, motivado apenas pela satisfação pessoal de serem capazes de arriscar a vida por...NADA. Mas, acabara. Só as recordações, boas ou más, ficaram.
Nuno Salvação Barreto, com ideia diferente, querendo manter o GFAL, foi colmatando as brechas que iam surgindo, procurando novos elementos.
Encontrando nos que foram entrando, o mesmo espírito dos fundadores, o GFAL durante vários anos, não baixou o nível a que tinha sido guindado
Luís Augusto Simões Raposo, Domingos Barroca, João Pissarra de Brito, José Caraça, António Sarmento Beja, José Frade, José Vasconcelos, Manuel da Câmara, Luís Barros, Carlos Serra, José Miguel Roquete Mendonça, Carlos e José Eusébio, Ramiro Cardigos, Vasco Delgado, Carlos Rosado, João Azevedo Neves, José Augusto Batista, Hipólito Cabaço, Horácio Lopes, Carlos e João Galambas, Joaquim Manuel Morais, Arlindo Barreto, Joaquim, Fernando e João Varela. António Patrício, António Rijo, António Maria Julião, José Pedro Faro, Luís Benard, António Falcão Castiço, Alexandre Lourenço Marques, Cabral Fernandes, João Arnoso, Henrique e José Delgado Martins. Foram alguns dos que ajudaram o Grupo nesse período.
Mas o nome do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa continuou a ser utilizado. Ainda hoje se mantém ativo. Dirão.
Não! O que existe hoje é um grupo, “que os seus responsáveis dizem ser outro”, usando o mesmo nome. Beneficiando do prestígio que os fundadores e os que mencionei lhe deram. Fora disso, tirando alguns elementos que vão aparecendo, que vestem a farda e pegam, com o mesmo espírito dos antigos e dos mencionados -Nuno Lucas, Pedro Maria Gomes (depois do que lhe aconteceu voltar a pegar, não é para todos) Francisco Mira e mais um ou outro que não conheço mas admito existirem, que pegam com outros objetivos. Para dizerem que são forcados.
Aliás, José Luís Gomes, que sucedeu a N.S,B.,após tomar a chefia do grupo, foi o primeiro a dizer que grupo já não era o mesmo. (Embora não lhe tivesse mudado o nome e se aproveitasse da sua fama e antiguidade).
Nunca tinha visitado o site do GFAL mas, devido ao falecimento do António Lapa, quis ver se havia nele alguma referência ao sucedido. Se bem que modesto, (o António Lapa merecia mais), lá estava. Vá lá!..Foi a primeira vez que visitei o site. Aproveitei para dar uma olhadela.
Está muito bem feito e completo. Cumpre muito bem o objetivo que o motiva… Numa pagina porém, encontrei um pormenor insólito, mas não inesperado. (mais um aproveitamento. Uma auto promoção).
Numa fotografia inserida num retângulo de 6,5cm de comprimento por 2,5 de altura, numa página com uma entrevista a José Luís Gomes, vem uma fotografia do fundador da Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, Nuno Salvação Barreto, a citar um toiro. Mais abaixo, na mesma página, uma de J.L.Gomes igualmente a citar.
Só que esta aparece num retângulo de 9,5cm de altura por 7de largura. Chocado com esta imagem, como quase não se via a figura do Nuno, cliquei em cima da fotografia para a ver aumentada. A que aumentou foi a do J.L.Gomes. Não a do Nuno.
Mais palavras para quê?
A atitudes destas, por já serem habituais, não tenho ligado. Mas o não ter sabido atempadamente a morte do Lapa foi a gota que fez transbordar o copo
O grupo atual está, realmente, em absoluta contradição com o que era o GFAL do meu tempo. Na verdade é outro grupo como diz J.L.G., e o atual cabo também.
Gesto bonito seria dar outro nome, não se aproveitar da fama do "meu" Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, do empenho e dedicação de todos aqueles que o fizeram grande sem nada pedirem ou receber. Que pegaram toiros só por aficion e atração pelo perigo.
Nota final) Não estou nem podia estar, contra o Grupo que ajudei a impor-se e a ganhar prestígio, ao qual desejo os maiores êxitos. Nem contra os seus elementos que tenham o espírito de Forcado.
Carlos Patrício Álvares (Chaubet)