A L E L U I A! - Anti - entrevista alfredo

A L E L U I A! - Anti - entrevista alfredo

 

A L É L U I A!

Foi com grande satisfação que soube do teste com ferros "à espanhola" organizado pela ANGF (Associação Nacional de Grupos de Forcados), no passado dia 3 de Novembro. E com toda a pompa e  circunstância - numa excelente arena e com dois toiros lidados por dois, também, excelentes cavaleiros - Joaquim Bastinha e António Ribeiro Telles. 

Não tenho conhecimento do resultado do teste mas o facto de, finalmente, a ANGF se ter debruçado sobre um assunto que tanta importância tem para aqueles que Ela se propõe defender e valorizar, já me deixa bem impressionado.

Nos seus nove anos de existência a ANGF, afirma nunca ter descurado este problema só que, a acuidade do mesmo, não se coaduna com espera tão dilatada.

Mais celeridade na sua resolução (se é que ficou resolvido) e talvez João Salvação, Cabo do G.F.A. do Barrete Verde de Alcochete, não se tivesse ido juntar a Pedro Bolota e Ramalhinho, vítimas de acidentes que os privaram de uma vista.

Vamos ver agora se esta onda de eficiência vai abranger o caso do seguro dos forcados. Se é aproveitada para modificar o ponto do regulamento  que espera aprovação e que diz, contrariando o estatuído no que se pretende substituir, ser dos forcados a responsabilidade do prémio do seguro. 

Quer dizer: havia um regulamento, feito por gente alheia ao mundo dos forcados, que atribuía a responsabilidade do pagamento do seguro às entidades promotoras do espetáculo.   

A ANGF, que se diz defensora do forcado, elabora um novo regulamento em que passa essa responsabilidade para os… forcados..!

É caso para estes dizerem: com amigos destes não precisamos de inimigos.

Carlos Patrício Álvares (Chaubet)

 

 

CONTRA OS CONTRA", POR CHAUBET 

Sou um daqueles aficionados que são insultados e provocados junto à praça de toiros quando há touradas. Meninas e meninos, presumivelmente bem  falantes  e educados, que apregoam bons sentimentos e direitos, por serem contra as touradas, ditatorialmente, exigem que acabem. 

Escudado  no  direito  que  também  me assiste, de direcionar   os meus gostos, as minhas preferências, quero fazer uma pergunta para a qual, julgo, os anti-touradas terão resposta pronta.

Aliás, se não for uma resposta coerente e lógica, paradoxalmente, os bons samaritanos que se intitulam defensores do toiro bravo, só estarão a provocar a sua extinção.

Não sendo nas touradas, que aproveitamento terá a bravura do toiro ?  E, não sendo conservada e estimulada essa bravura, não se tornará o toiro, como já disse, num pacífico boi? Não será o fim de um animal tão admirável como é o toiro de lide?

Afinal quem defende o toiro de lide? Os que o conservam dando-lhe utilidade, embora de forma que pode não agradar a todos,  ou os que o querem transformar em simples boi de trabalho ou fornecedor de carne?

Carlos Patrício Álvares (Chaubet)

 

APONTAMENTOS/ENTREVISTA

Para mim a Festa desperta paixões, por vezes, descontroladas. Propiciadora de emoção e momentos de grande beleza estética. Tal como no futebol, vê-se com frequência  o mais sisudo e respeitável cidadão, levado pelo fascínio e envolvência do acontecimento, de cabeça perdida, a  vociferar contra o toiro, contra o toureiro, diretor de corrida ou empresário. Escapa o Forcado, figura que goza simpatia geral. É esta a força da Festa que tem milhões de apreciadores.

Dizer o que se deve fazer para melhorar a Festa, é difícil responder. Tradicionalmente, um bom aficionado,raramente se diz completamente satisfeito. A discussão à posteriori, dos momentos mais marcantes ocorridos  na arena, fazem parte de um ritual que se repete quando  o espectáculo termina. Cada um dá a sua opinião e poucas vezes chegam a acordo. Considero por isso que nada há a fazer. A não ser exigir toiros de boas ganadarias que permitam um bom toureio, toureiros que os saibam aproveitar. São estes os ingredientes básicos da Festa. Não é preciso fazer mais nada.

Nascido em Lisboa, sem nenhuma ligação à Tauromaquia, a minha aficion aos toiros nasceu na Feira Popular que existiu, onde hoje é a Fundação Gulbenkian. Nesse recinto tinham construído uma pracinha de toiros. À noite lidavam-se umas vaquinhas - Diamantino Vizeu, o nosso primeiro Matador de Toiros. Rogério Valgode,Olegário Nunes e Joaquim Clara, que foram peões de brega. António Augusto que se notabilizou como toureiro cómico com o apôdo de "Índio Apache" começaram nesta pracinha. Também havia uma série de rapazes, entre os 15 e 18 anos, que frequentavam a pracinha e umas vaquinhas que a organização dispunha para quem se quisesse atrever a enfrentá-las. Atrevidos, desembaraçados, sempre à procura de coisas novas e aventuras, sentiram logo a tentação de aceitar o desafio.

Tornaram-se presença assídua e não tardou a andarem metidos na arena pegando as vaquinhas que eram disponibilizadas para o efeito.A convivência estabelecida entre eles, transformou-se numa amizade que durou toda a vida. Mas também gerou maior ambição.

Surgiu a ideia de se formar um grupo de forcados e ir pegar toiros a sério. O que mostrou mais entusiasmo pelo projeto foi o Nuno Salvação Barreto. Por sinal o mais novo de todos. Todavia, pelo interesse que demonstrou em tal nomeação e, pelo desinteresse dos outros em tal lugar, foi o indicado para cabo do grupo. Embora de principio não fosse o que mais soubesse de toiros ou se salientasse, pelo interesse e atitudes que tomou, veio a tornar-se uma figura lendária da forcadagem.

Concretizada a intenção, com o nome de Grupo de Forcados Amadores de Lisboa - N.S.B., Eduardo Salvação Barreto (irmão), Luís  Felipe Nunes Dias, Aníbal de Albuquerque, Luís Felipe Shore, Eduardo Demony Moreira Santos, Acácio Lyra Vidal, Vitor Manuel Guerreiro, Nuno Bonfim de Matos, José Timótio Pereira, Carlos Patrício Álvares. O seu início, pouco conhecido, não foi fácil.

Os seus primórdios foram de luta contra o preconceituoso ambiente taurino e os grupos de forcados instalados, que não aceitaram de bom grado a sua aparição. Sem nenhuma ligação ao campo, aos toiros, à Festa Brava, foram olhados como indesejáveis intrusos. Os êxitos que foram obtendo pioraram a imagem. Para mais, o público e a imprensa elogiava-os.  Impôs-se pelo seu valor, estoicismo e  audácia. Em várias épocas o melhor dos  grupos existentes na altura. Essa hegemonia manteve-se enquanto os seus fundadores se mantiveram no ativo. Todavia a idade fez com que, a pouco e pouco, os fundadores fossem abandonando o Grupo e este, ressentindo-se disso negativamente.

No entanto Nuno Salvação Barreto com intenção diferente da dos seus companheiros, manteve-se.  Tendo-se tornado um bom conhecedor de toiros e bom condutor de homens, um Mestre, como começou a ser adjetivado, foi colmatando as brechas provocadas por estes abandonos. Os rapazes que foram surgindo, alguns de qualidade igual aos substituídos, mantiveram o G.F.A.de Lisboa, já sem as características que o haviam distinguido, entre os melhores. Mas já sem as características que o haviam tornado único.

Carlos Patrício Álvares (Chaubet)